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Channel: Arquivos internet - Meio & Mensagem

Minha mãe estava certa sobre IA

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(Créditos: Pixabay/Pexels)

Tenho a impressão de que a maioria das pessoas que trabalha em áreas relativas à tecnologia encontrou, no começo de suas carreiras, uma dificuldade enorme em explicar o que faziam para seus pais ou parentes. Era tudo mato quando, de um dia para outro, deixei de ser designer para ser “webdesigner”. Lembro bem que nem amigos próximos, na época (meados dos anos 1990), sabiam dizer exatamente o que eu estava fazendo. Pra ser sincero, nem eu mesmo. Tive de me atualizar muito rápido, estudar tudo o que via pela frente e enfrentar uma escassez de informações assustadora.

Mas seguimos, e hoje… ainda é assim. Temos de continuar estudando e sempre tentando nos atualizar sobre novas descobertas e caminhos que nos são expostos diariamente — com a diferença de que, agora, com um universo de informações e tecnologias quase infinito.

Porém, em uma coisa a minha mãe, mesmo sem saber, estava corretíssima. Quando perguntada sobre o que eu fazia, ela titubeava um pouco, mas logo respondia com orgulho: internet. Ela sempre dizia que eu fazia internet. Não é incrível? Eu, sem entender a magnitude dessa afirmação, tentava explicar que não fazia a internet. Isso era uma grande rede de computadores, conectados pelo mundo todo. E o que eu fazia eram sites, banners e assim por diante. Mas não adiantava.

No entanto, pensando aqui com meus botões e, também, em tanto esforço de pesquisadores e programadores, a inteligência artificial — já com milhões de exemplos práticos de aplicabilidade — deixa não só a internet, como todo um ecossistema digital com “a nossa cara”. E isso já há muito tempo.

Mesmo não sendo ainda tão inteligentes, quem nunca se surpreendeu com uma banda nova no Spotify ou achou aquele filme premiado nas listas do Netflix? Certo também que já xinguei muito a Siri por não me ajudar em vários momentos. Mas o desenvolvimento está aceleradíssimo, assim como seus investimentos. A internet das coisas é um exemplo disso. Muito se fala e já se consomem relógios, óculos e aparelhos de casa com o propósito de se conectar com nossas vidas.

Muito discutido no SXSW no último ano, o “you of things” — que traz o nosso corpo como informação para o gadget ir aprendendo — já tem seus produtos muito próximos das nossas vidas. Exemplos disso são os colchões que mantêm a temperatura corporal a noite toda para um sono melhor e berços que entendem quando precisam balançar, de acordo com os movimentos do bebê.

Um artigo do periódico The Shift mostrou que a IA neuro-simbólica já é uma realidade também. E acadêmicos de MIT, IBM e Harvard estão liderando essa pesquisa. “Para muitos cientistas de dados, o caminho para isso é investir na IA neuro-simbólica. Que, em linhas gerais, visa aumentar (e reter) os pontos fortes da IA estatística (do machine e do deep learning) com as capacidades complementares da IA simbólica ou clássica (conhecimento e raciocínio)”, informa o texto.

Isso quer dizer que entraremos em uma era em que os dados serão analisados de uma forma tão inteligente que muitas das nossas decisões poderão ser tomadas com mais acuracidade. Há até uma tentativa da Unesco de estabelecer o desenvolvimento ético da tecnologia, tendo já recebido o apoio de 193 países (incluindo China e Rússia).  A iniciativa defende que o “IA promova os direitos humanos e contribua para o cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas, abordando questões em torno da transparência, responsabilidade e privacidade, com capítulos voltados para ações sobre governança de dados, educação, cultura, trabalho, saúde e economia.”

Tudo o que estamos produzindo de dados será, um dia, usado para nos ajudar — e ajudar muitas empresas — a entender como nos comportamos e o que queremos, de verdade. Pode parecer um pouco assustador quando colocamos assim, mas tenho certeza de que tudo isso irá facilitar nossas vidas e trazer mais benefícios do que os problemas que enfrentamos hoje. Ainda temos um longo caminho pela frente para que isso aconteça. E claro: a intervenção humana, em muitos aspectos, nunca deixará de existir.

Mas, assim: minha saudosa mãe não estava certa? Não somos nós que sempre fizemos a internet? E vamos continuar sendo os protagonistas de todas as grandes revoluções tecnológicas que virão. Afinal, nossas necessidades sempre serão o drive de inovação, quaisquer que sejam elas.

*Crédito da foto no topo: Piranka/iStock


Provedores de TV/Internet e Streaming dos EUA têm NPS bem legais em 2021. Surpreendente.

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(Crédito: Shutterstock)

O estudo é do The Qualtrics XM Institute e diz respeito aos EUA (tendo a acreditar que o resultado aqui talvez seria bem diverso, mas vamos lá, é uma informação importante a analisar). 

Comento que acho surpreendente porque com a pandemia e os decorrentes acúmulos de demanda diante de uma infraestrutura de oferta que teve que se repaginar para atender a crescimentos acelerados nos níveis de uso de todas essas plataformas, o quadro poderia ser bem o oposto. E seria até compreensível que fosse. Só que não. 

Embora os produtos e serviços em geral desses setores não tenham ainda recuperado totalmente seus níveis de satisfação do cliente pré-pandemia, os provedores de televisão/internet, bem como a mídia de streaming, estão entre as categorias que excederam seus níveis de 2019 em 2021.

A organização analisa as mudanças ano a ano na fidelidade à marca, conforme refletido no Net Promoter Score (NPS).

As pontuações médias do NPS caíram mais de 10 pontos na última década, mas a pandemia do COVID-19 trouxe o declínio mais dramático em todos os setores.

Na verdade, as pontuações de NPS de muitas marcas se recuperaram no ano passado depois de cair em 2020 – resultando em níveis gerais de satisfação do cliente retornando a dois terços do nível pré-pandemia, em média, em 2021.

Os resultados certamente confirmam que a apreciação dos consumidores sobre a importância das conexões online e do entretenimento doméstico aumentou.

Apenas os serviços de TV/internet (244%), streaming de mídia (107%) e seguro (não-saúde) (115%) superaram seus níveis de satisfação de 2019 em 2021.

Como diz o estudo, “isso parece ser uma notícia particularmente boa para os provedores tradicionais de TV paga, dada sua batalha árdua para conter as perdas contínuas de assinantes. Em 2020, a pontuação média de satisfação desses serviços caiu para 54% da média de 2019 – talvez (minha especulação) refletindo o repentino caso de amor em massa dos consumidores com o streaming nos primeiros meses de bloqueio da pandemia.”

O estudo analisa também que os consumidores podem ter se ressentido um pouco do desempenho das plataformas de streaming no streaming em 2020 (o NPS médio para mídia de streaming caiu 6% em relação a 2019), possivelmente refletindo a incapacidade dos principais serviços de produzir tanto conteúdo novo durante o fechamento dos estúdios. Mas o retorno de mais novos originais em serviços de vídeo sob demanda baseados em assinatura parece ter renovado a satisfação em 2021.

“Nos primeiros dias da pandemia, acho que ninguém poderia prever a magnitude da mudança no sentimento do consumidor do COVID-19”, disse Bruce Temkin, chefe do XM Institute. “Não é surpresa que as organizações em melhor forma são as que se movimentam rapidamente, respondendo às mudanças contínuas nas necessidades e expectativas de seus clientes. o valor que os consumidores atribuem à inovação e conveniência, o que impulsionará as empresas que encontrarem maneiras de facilitar a vida de seus clientes.”

As categorias de serviços que mais sofreram em 2020 foram as mais atingidas pela pandemia – como viagens – enquanto ainda têm o mais longo caminho a percorrer para alcançar a recuperação total.

(*) Método e Amostra: Para a análise de 2021, 9.000 consumidores dos EUA foram entrevistados sobre suas experiências com 294 ou mais empresas em 20 ou mais setores. Cada empresa teve um mínimo de 100 respostas de consumidores que interagiram com ela nos últimos 90 dias. As pesquisas foram realizadas no segundo e terceiro trimestres de 2019, 2020 e 2021.

Google diz que PL das Fake News prejudica empresas

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O Projeto de Lei 2.630/2020, que institui a Lei Brasileira de Liberdade, Responsabilidade e Transparência na Internet, continua gerando manifestações contrárias de grandes empresas de tecnologia. Nesta sexta-feira, 11, o Google divulgou uma carta voltando a falar a respeito do assunto.

 

(Crédito: Shutterstock)

No dia 24 de fevereiro, o Google, junto ao Facebook, Instagram, Twitter e Mercado Livre, já haviam divulgado uma carta em que expressam que o projeto de lei desvirtuou de seu objetivo, que seria combater a desinformação e que, se aprovado, pode trazer consequências negativas para os veículos jornalísticos, as empresas de pequeno, médio e grande porte e a publicidade digital, como um todo.

Agora, no novo documento, assinado pelo presidente do Google no Brasil, Fabio Coelho, a empresa diz que embora reconheça a importância de debater soluções para o problema das fake news, o Congresso não estaria considerando as consequências negativas e indesejadas que o projeto de Lei pode trazer. “Do jeito que está, o PL 2.630 pode facilitar a ação de pessoas que querem disseminar desinformação, pode tornar mais difícil que veículos de comunicação de todo o país alcancem seus leitores e pode tornar nossos produtos e serviços menos úteis e menos seguros para milhões de brasileiros e empresas que os usam todos os dias”.

A carta do Google segue explicando, em seu texto atual, o PL “impõe uma série de obrigações que deixariam as ferramentas de busca menos seguras para todos e mais suscetíveis a abusos e fraudes”. A empresa frisa que o projeto de lei exige que sejam divulgadas informações minuciosas sobre como os sistemas do Google funcionam, entre elas detalhes sobre a base de treinamentos de sistemas e métodos usados para melhorar os serviços. “Divulgar esse tipo de dado não ajudará na luta contra a desinformação. Ao contrário, oferecerá a agentes mal-intencionados um ‘guia’ sobre como contornar a proteção de nossos sistemas”, diz o Google.

Pagamento por conteúdo jornalístico
A carta da companhia também critica outro ponto do projeto de Lei, que inclui a obrigatoriedade de pagamento pelo uso de ‘conteúdo jornalístico’. O Google questiona que não há definição clara do que poderia ser considerado conteúdo jornalístico, o que representa falta de clareza, que poderia gerar consequências negativas.

“Por exemplo, as ferramentas de busca poderiam acabar sendo forçadas a remunerar qualquer site que alegue produzir conteúdo jornalístico, apenas por exibir pequenos trechos de conteúdo, com os respectivos links para suas páginas indexadas na web.” A empresa destaca a função de as ferramentas de busca geraram tráfego para os produtores de conteúdo e que forçar o Google e as demais empresas a pagarem para exibir um conteúdo indexado criariam uma vantagem competitiva apenas para os grandes grupos de mídia, que seriam capazes de fechar acordos comerciais mais favoráveis em função da escala de sua produção e de seu poder de negociação.

Publicidade digital
Outro ponto que Fabio Coelho aborda na carta diz respeito aos efeitos que o PL teria na publicidade digital, ponto crucial de questionamentos da indústria. O Google argumenta que, o texto atual do projeto for aprovado, milhões de pequenas e médias empresas no Brasil terão dificuldade em utilizar a publicidade online. “Isso porque o projeto de Lei impede as plataformas de publicidade de usar informações coletadas com o consentimento dos usuários para conectar empresas com potenciais consumidores. Dessa maneira, os anúncios digitais podem gerar menos vendas e as empresas pequenas terão de investir mais para alcançar o mesmo número de clientes, ou seja, ficará mais difícil para elas prosperarem. O impacto pode ser grande também para os veículos de comunicação, que serão privados de fontes de receita que são essenciais para sua operação.”

A empresa destaca que a manifestação que outras empresas de tecnologia já fizeram a respeito do projeto de lei e destaca que não se opõe ao objetivo proposto pelo PL, de combater a desinformação, mas diz que, da forma como está, ele não vai alcançar essa meta. “Acreditamos que a luta contra a desinformação será mais efetiva por meio do diálogo e de compromissos conjuntos entre governo, empresas e sociedade civil. Ninguém quer que notícias falsas se espalhem na web e, como plataforma de tecnologia, investimos continuamente em ferramentas de transparência e em ações para combater a desinformação e trabalhamos de maneira incansável com a sociedade civil, governos e empresas jornalísticas para enfrentar esse desafio juntos. Essa é uma prioridade para nós e estamos determinados a ser parte da solução contra a desinformação”, finaliza.

Cenp-Meios aponta crescimento de 38,8% em 2021

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(Crédito: Shutterstock)

Após um período de percalços, o mercado publicitário brasileiro voltou a respirar com mais alívio em 2021. O avanço da imunização no País e a retomada das atividades econômicas animaram a indústria publicitária e reaqueceram os investimentos em compra de mídia, de acordo com o balanço divulgado pelo Cenp-Meios referente ao período de janeiro a dezembro do ano passado.

Desta vez, o painel contou uma amostra maior: 298 agências de publicidade do Brasil reportaram seu faturamento ao Cenp-Meios. Em 2020, foram 217 agências participantes.

Essas quase 300 empresas reportaram ao estudo que, no ano passado, o investimento em mídia realizado por seus clientes totalizou o montante de R$ 19,7 bilhões. Em 2020, ano que sofreu os impactos iniciais da pandemia e a paralisação das atividades econômicas, as agências participantes do Cenp-Meios reportaram investimentos em mídia de R$ 14,2 bilhões, o que faz com que o faturamento de 2021 seja 38,8% superior ao do ano anterior.

A comparação com o ano de 2019 mostra que a indústria de publicidade no Brasil já está recuperando – e superando – o patamar dos negócios do período pré-pandemia. Em 2019, as 226 agências que fizeram parte do Cenp-Meios reportaram investimentos em compra de mídia de R$ 17,5 bilhões. Na comparação direta entre 20219 e 2021, o crescimento do painel foi, portanto, de 12,4%.

O destaque do relatório do Cenp-Meios em 2021 é o expressivo crescimento do meio Internet, cuja movimentação em compra de mídia cresceu 74,2% de um ano para outro, conferindo ao Digital o maior share da história do painel: 33%.

A TV Aberta, que sempre ostentou, com folga, a liderança do ranking dos meios que mais recebem investimentos de publicidade manteve a primeira colocação, com um crescimento de 21% ao valor movimentado em 2020. Apesar desse crescimento, porém, a TV Aberta aparece com o menor share já registrado desde o início do mapeamento do Cenp-Meios: 45,4%.

Em termos de faturamento, todos os meios categorizados pelo painel tiveram aumento em comparação com 2020. Essa expansão, no entanto, só foi suficiente para ampliar o share da Internet e da TV Paga. Veja abaixo:

 

Os desafios de conexão e do acesso à internet no Brasil

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Apenas 29% dos brasileiros são considerados plenamente conectados (Crédito: SFIO/CRACHO/shutterstock)

Automação, trabalho e ensino remoto e geração excessiva de dados estão entre as tendências — já atuais — para o futuro no que envolve a tecnologia. Mesmo que pareçam já vivas na sociedade, tais questões ainda esbarram em obstáculos, como o da desigualdade, impedindo o desenvolvimento humano e profissional de determinados grupos. O estudo “O abismo digital”, da  PwC Brasil em parceria com o Instituto Locomotiva, buscou mapear o acesso à internet no Brasil e estabelecer relações entre conectividade e desigualdade socioeconômica. 

O levantamento identificou que 81% da população com 10 anos ou mais usam a internet. Contudo, apenas 20% do contingente têm acesso de qualidade à rede. Além disso, apenas um terço da população pode ser considerada plenamente conectada. O destaque vai para o maior índice, que atinge quase a totalidade, de brancos nas classes A e B. Já negros, pertencentes às classes C, D e E (as duas últimas com apenas 8% dos internautas plenamente conectados), ficam sem acesso à conexão quase metade do mês. O número de indivíduos desconectados no País chega a 60%. 

Buscando entender e segmentar o acesso, a pesquisa estabeleceu quatro perfis de usuários brasileiros, baseados na experiência de internautas no uso de dados. Os plenamente conectados — quase 50 milhões, representando 29% da população — estão concentrados nas regiões Sul e Sudeste, contam com celular pós-pago, são escolarizados e têm acesso a notebooks e dados para utilizar  internet por um período de 29 dias. Enquanto isso, os parcialmente conectados (26% dos brasileiros, um total de 44,8 milhões) são do Sudeste, menos escolarizados, predominantemente negros e pertencentes às classe C, D e E, com um acesso médio de 25 dias por mês. 

As regiões Norte e Nordeste contam com a predominância de 41,8 milhões de usuários (25%), que são menos escolarizados, das classes D e E e também negros, na maioria. Neste caso, o período médio do último mês em que essas pessoas tiveram dados disponíveis para acessar a internet foi de 19 dias. Os desconectados reúnem um grupo de 33,9 milhões de pessoas (20%), de homens não alfabetizados, das classes C, D e E e idosos.  

Entre os motivos que levam à desigualdade de acessos estão as deficiências da infraestrutura de conexão. O relatório chama a atenção para a questão coletiva, em que quanto menor a disponibilidade de antenas comparado a demanda, menor a velocidade de conexão. Além disso, quanto menor a renda, pior o sinal. O estudo indica que 13,5 milhões de domicílios têm conexão de banda larga móvel via modem ou chip, que é mais lenta para acessar a internet, dos quais 69% tem conexão por cabo e/ou fibra óptica e 22% via modem ou chip. 9% dizem não saber o tipo de conexão utilizam. 

O valor também tem impacto significante no que diz respeito ao acesso: 68% dos lares que não utilizam a internet indicam que o alto preço dos serviços é um dos motivos para não os contratar. O Brasil ocupa a 48ª posição entre 210 países no que diz respeito ao custo de acesso. Já quando se fala de tarifa pós-paga de celular, o País se encontra na  91ª posição. 

Neste sentido, é importante ressaltar que 99% dos brasileiros têm smartphones para acessar a internet — o que impede a acessibilidade a hardwares. Apesar disso, 58% têm o celular como único aparelho para a conectividade. Já o computador, entre notebooks e desktops, é utilizado por 42% da população.  

Escancarado pela pandemia, a desigualdade de acesso foi vista também no ensino — sobretudo entre público e privado. Segundo a pesquisa TIC Educação 2020, cerca de 6 milhões de estudantes (da pré-escola à pós-graduação) não conseguem fazer aulas remotas por falta de acesso à internet em casa, salientando que a maior parte se encontra no ensino fundamental público. A PwC/Locomotiva ressaltou que, antes da crise, apenas 1 em cada 5 escolas das redes pública e privada investia em tecnologia para ensino, o que tornou mais difícil a adaptação às aulas remotas. 

 

“A propaganda morreu há muito tempo”

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A internet hoje é baseada em propaganda. (Crédito: shutterstock)

Para mim, pelo menos. Eu tinha certeza de que ela de fato estava morta. Era o que pensava quando era pequeno. Me criei, desde criança, ouvindo que a propaganda é a alma do negócio. Desde essa época entendi, portanto, que a propaganda estava morta e sua alma agora fazia parte dos negócios. Talvez por isso estudei seis anos de propaganda na federal do RS. Mas fujo do assunto.

Cresci e acabei aprendendo o que é uma metáfora. Mas no início desse século de fato tentaram matar a propaganda, literalmente. Lá por 2004 iniciou o movimento associativo das agências digitais no Brasil. Ele foi construído num ambiente de muita empolgação com a tecnologia avançando a passos largos numa velocidade maior que nossa capacidade de compreensão. Esse movimento pregava uma vitória das agências digitais sobre as “tradicionais”, como eram chamadas as agências de propaganda. Não havia maldade nesse pensamento, penso eu. Ele apenas parecia fazer muito sentido. Muitas coisas esquisitas faziam sentido naquela época. Ainda em 1998 assisti à minha primeira palestra sobre e-commerce e os dificílimos (ehehehe) conceitos B2B e B2C. O palestrante, um especialista, sentenciou: os shoppings deixarão de existir em três ou cinco anos. Mas fujo do assunto.

Voltando ao embate do século (ou do início do século) entre Digitais X Propaganda. A lógica é que jornal, TV, rádio, outdoor estavam fadados à morte iminente e com eles levariam o BV, a comissão, o modelo de negócios que enriquecera tantas estrelas da propaganda brasileira e mundial.

Quase duas décadas depois a história, sempre implacável, conta algo diferente. De fato, mostra o óbvio, uma disputa completamente infundada. Dois lados de uma mesma moeda ou mercado. Dois setores que foram duramente castigados nesses 18 anos. De um lado o modelo de agência digital jamais “vingou”. Não raro cobrava-se por hora homem em projetos cada vez mais complexos. Muitas trabalharam a vida toda no vermelho e as que se destacaram acabaram vendidas para grandes grupos (grande ironia) da propaganda mundial. E com um grande suspiro de alívio.

Para as agências de propaganda em geral, a mudança repentina e cada vez mais aguda de cenário com a entrada de dezenas, centenas de novas mídias como plataformas de streaming, e-mail marketing, redes sociais e etc. foi cruel. As agências de propaganda foram demasiadamente lentas em entender o que estava acontecendo e em passar a contratar e vender especialistas em digital.

Mas, é claro, mais cedo ou mais tarde todo mundo aprende. As agências de propaganda sempre tiveram uma grande vantagem estratégica. Sempre tiveram assento na mesa do empresário enquanto muitas digitais não passavam do nível gerencial.

Perto de fechar a segunda década do novo século, tudo ficou mais claro e óbvio. A comunicação é e sempre foi apenas uma. O grande valor está na criatividade, no conteúdo, no argumento, na redação. A tecnologia, desde o século 18, minto, desde os primórdios, sempre foi ferramenta. Sempre meio, e não fim nem origem.

As agências digitais também se deram conta disso e passaram cada vez mais a investir em vender resultado e comunicação e terceirizar a “hora homem”. Sim, as agências digitais correram para serem mais parecidas com as agências tradicionais. As agências de propaganda fizeram o caminho inverso e hoje todas se parecem, finalmente e graças a deus. Ainda existem as agências de nicho, sempre existiram. Existem as ferramentas, as produtoras e o mercado finalmente passa a fazer sentido.

Mas precisamos voltar à metáfora inicial e falar de novo da alma da propaganda. O destino pode ser cruel, mas também pode ser um debochado. Depois de todos esses anos de exercício futurístico, de discussões sobre o futuro da propaganda frente ao desafio de uma internet cauda longa, o que acontece?

Para isso, é preciso fazer outra grande pergunta do final do século passado. Qual é o modelo de negócios da internet? Essa pergunta ou a falta de respostas a ela representou o grande estouro da bolha da internet em 2000. Os negócios eram tão deslumbrantes quanto falidos. Após o estouro da bolha e nesses 18 anos em que Google tirou o trono de Yahoo, Altavista e outros, em que Facebook, Instagram, YouTube e Twitter monopolizaram audiência, um novo/velho modelo se mostrou lucrativo. Vender anúncios, aumentar audiência, vender anúncios mais caros.

Para assistir a um vídeo nos portais de notícia é necessário ver dois comerciais antes, no YouTube somos interrompidos por anúncios, como na pesquisa do Google e nos Stories do Instagram. De fato, as empresas viraram quase reféns das big techs para geração de leads.

Sim, derradeira e ironicamente, a internet hoje é baseada em quê? PROPAGANDA. Para entender o meio, para ser um player, para gerar resultado para nossos clientes, para vender, precisamos todos entender de propaganda. De vídeos de 15s ou 30s, de banners com anúncios diminutos de alto impacto, de “publi”, da dinâmica do Facebook Business e dos anúncios no Google.

Estamos no ano de 2022. Agências de comunicação fazem tudo e têm a mesma pauta. Ninguém ganhou uma briga que jamais existiu. Mas e a internet? Ela ganhou um motor, um centro, um núcleo. A propaganda é a alma do negócio.

A propaganda, agora, é a alma da internet.

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